VINHOS BLEND OU MONOCASTA? APRENDA A FAZER A SUA ESCOLHA

VINHOS BLEND OU MONOCASTA? APRENDA A FAZER A SUA ESCOLHA

Se é um apreciador de vinhos, com certeza que os termos “blend” e “monocasta” não lhe são estranhos.
Ambos referem-se a uma escolha do produtor para a composição dos seus vinhos.
Mas sabe quais são as principais diferenças entre eles?

Mostramos-lhe, neste artigo, algumas das particularidades destas duas formas de produção distintas, para que possa compreender, de forma mais informada, o estilo e a intenção de cada proposta e decidir qual a sua preferida.

Blends e monocasta: a origem dessa distinção

Durante largos séculos na história da vinicultura, a maior parte das pessoas não tinha ideia dos tipos de uva que eram utilizados nos vinhos que consumiam. Os produtores raramente identificavam nos seus produtos as castas que estavam na origem de cada vinho, optando, geralmente, por designar apenas o nome das regiões DOC (Denominações de Origem Controlada), juntamente com o nome da propriedade.

Foi, sobretudo, a partir de meados do século XX que os produtores do Novo Mundo – especialmente os norte-americanos – passaram a indicar nos seus rótulos as variedades de uva que os compunham.
Este fenómeno surge como uma estratégia de marketing, que tinha como objetivo mostrar aos consumidores que os vinhos eram feitos a partir das tradicionais e afamadas castas europeias, ajudando a posicionar o estilo do vinho em questão.

É nesta altura que castas como Chardonnay, Merlot, Cabernet Sauvignon ou Sauvignon Blanc veem a sua fama crescer em rótulos de todo o mundo. Desde então, muitos consumidores começaram a identificar-se com o estilo de uma determinada casta e a valorizar a apresentação desta informação por parte dos produtores. É neste contexto que começa, assim, a ganhar peso, junto do mercado, a distinção entre os vinhos blend e os vinhos monocasta ou varietais.

Vinhos Monocasta ou Varietais: o que são?

Como o próprio nome sugere, vinhos monocasta (ou monovarietais) são vinhos elaborados exclusivamente a partir de uma única casta e que procuram valorizar a personalidade e as características únicas da variedade de uva em questão.

É comum, no entanto, ver no mercado vinhos que, não tendo na sua composição 100% de uvas da mesma variedade, apresentam uma casta predominante, que surge mencionada no rótulo. São os chamados vinhos varietais.

Para ser considerado varietal, o vinho tem de ter na sua composição uma percentagem mínima necessária para poder apresentar no rótulo o nome de uma única casta. Essa percentagem obrigatória é definida pela legislação de cada país e de cada região.

A título de exemplo, o regulamento da região do Douro determina que um vinho pode ser classificado como varietal se contiver, na sua composição, pelo menos 85% da casta predominante referida no rótulo.

De uma forma geral, é permitida aos vinhos varietais a existência de uma pequena percentagem de outras uvas, de forma a dar ao enólogo alguma liberdade para “completar” o vinho com outras variedades, se necessário. O recurso a este complemento residual de castas é, muitas vezes, feito com o objetivo de conferir ao vinho uma maior acidez ou para lhe atribuir mais estrutura e corpo.

Vinhos Blend: o que são?

Blend é a designação inglesa para “mistura”. Este termo é então utilizado para identificar vinhos que são produzidos a partir da combinação de duas ou mais castas distintas, cada uma com a sua personalidade.

Esta mistura de uvas pode ser feita logo na vinha – os chamados field blends, muito comuns em vinhas antigas – ou, mais tarde, na adega. Neste caso, durante o processo de vinificação, o enólogo pode optar por fazer um blend de uvas que irão fermentar juntas ou, em alternativa, ter diferentes fermentações de várias castas, que poderão depois ser lotadas após a fermentação ou apenas após o período de estágio.

Em todas estas situações, cabe ao enólogo, com base na sua visão e no estilo de vinho que pretende obter,
escolher as proporções de cada casta que pretende utilizar, procurando equilibrar acidez, corpo, taninos e aromas, até alcançar o resultado desejado.

Também conhecidos como vinhos de lote, há quem defenda que os blends são uma escolha conciliadora para juntar à mesa, em torno da mesma garrafa, pessoas com preferências diferentes em relação a castas de eleição.

Blends e varietais: conheça as principais diferenças

Para além do número de castas utilizadas na sua composição, existem outros elementos que ajudam a distinguir estes dois tipos de vinhos:

Características aromáticas e de sabor

> Varietais: tendem a fazer sobressair as características distintivas da uva predominante. Isto permite aos consumidores identificar facilmente o perfil aromático e o sabor associado a um casta específica.

> Blends: oferecem, geralmente, uma gama mais ampla de aromas e sabores, fruto da combinação das características das diferentes castas utilizadas. Resultam, muitas vezes, em vinhos mais complexos e equilibrados.

Consistência e Terroir

> Varietais: podem refletir, de forma mais direta, as características específicas do terroir onde as uvas foram cultivadas, na medida em que a influência do clima, do solo e da altitude sobre uma única casta se torna mais evidente. De ano para ano, as variações nas diferentes colheitas podem ser notórias.

> Blends: permitem atenuar as variações de colheitas, proporcionando uma maior consistência ao longo do tempo. A combinação de diferentes castas pode ajudar a compensar algumas características que registem diferenças em anos distintos.

Oportunidades para o produtor

> Varietais: ao destacar o perfil distintivo de uma determinada casta, estes vinhos dão ao produtor a possibilidade de explorar variações desse perfil em diferentes colheitas.

> Blends
: conferem ao produtor uma maior flexibilidade e poder de criatividade, dando-lhe a oportunidade para experimentar e ajustar a combinação de várias castas, de forma a alcançar resultados de sabor e de estilo distintos.

Origem e tradição

> Varietais: em algumas regiões, a tradição de produzir vinhos varietais é mais comum, sobretudo em zonas onde predominam castas ricas, que funcionam muito bem sozinhas.

> Blends
: outras regiões  a produção de vinhos de lote, nomeadamente áreas que apresentam uma maior diversidade de castas, com potencial para se complementarem.

Blends ou varietais: qual a melhor abordagem?

Ambas as abordagens têm mérito e nenhuma das opções pode ser vista como melhor ou mais autêntica. São apenas escolhas diferentes que vêm acrescentar valor e diversidade à prova de vinhos.

A oferta de rótulos monocasta, varietais ou blends reflete, na maior parte das vezes, as preferências do produtor, a tradição local e as características desejadas para o vinho em questão.

Resta-nos experimentar diferentes propostas e descobrir aquelas que, de acordo com o nosso gosto particular, surgem como mais interessantes.

Parta à descoberta do seu estilo de vinho

Quer procure uma experiência mais focada na personalidade de uma determinada uva, quer goste de ser surpreendido pela complexidade da mistura de castas, deixamos-lhe um conselho: explore muito e descubra as suas preferências.

Na Sogevinus, estamos mais do que preparados para o ajudar nessa tarefa, com sucesso.
O terroir único do Douro e a sua riqueza em castas autóctones permite-nos oferecer um portefólio de vinhos muito vasto. Sejam eles monocastas, varietais ou blends, todos eles têm um traço em comum: uma identidade forte que leva até si a verdadeira autenticidade desta região.

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